A religião faz parte da cultura humana desde os primórdios da história. O choque entre culturas e as diversas religiões causam conflitos com desastrosas consequências para sua população e principalmente os jovens.
O caminho natural seria os pais ensinarem de forma clara a diferença entre cultura religiosa e cidadania, mas o que vemos é a imposição de doutrinas religiosas as crianças por parte de seus progenitores. Nos primeiros anos de vida, a criança toma os pais e pessoas próximas como referência e acaba introjetando a cultura que esta a seu redor. A intolerância não pode ser aceita como fator comum. E se em casa os nossos jovens não tem esse suporte para a devida inserção na sociedade, o papel cabe a escola através de jogos e atividades culturais, ensinando a conviver em grupo de forma a respeitar o próximo como um indivíduo tão capaz quanto ele a realizar qualquer atividade. Deixando em segundo plano questões religiosas e opções que acabam por excluir pessoas e por vivermos em um país preconceituoso, apesar da indiscutível miscigenação Nossa preocupação deve ser como os nossos jovens estão sendo formados no que tange a seus deveres de cidadãos. A religião vem perdendo espaço por não se modernizar e acaba se tornando em muitos casos, intolerante reforçando dogmas que não cabem em um mundo moderno. No meio desse conflito entre o limite da fé e a razão os jovens veem o velho mundo se chocando com o futuro, e as doutrinas acabam por segmentar a sociedade, uma vez que as minorias clamam por seus direitos e religiões dominantes as excluem por não se adequarem a seus dogmas arcaicos.
O tão afamado ecumenismo se torna falso quando vemos líderes religiosos exacerbando regras discriminatórias em seus discursos afirmando serem “leis sagradas”, mas não informando aos nossos futuros cidadãos que tais preceitos estão descumprindo normas, regras, leis de nossa constituição federal e a lei dos direitos humanos. O município, através de seus representantes deve promover atividades em que a juventude tome consciência de seus direitos e deveres e que todos fazem parte de uma sociedade igualitária com liberdades de credo. O poder público deve mostrar através de ações eficazes e educativas aos nossos jovens que cor da pele e opções sexual e religiosa, não são fatores excludentes, mas sim uma diversidade necessária para que tenhamos pontos de vista diferentes que contribuam para o crescimento de nossa sociedade como um estado laico, de liberdade, fraternidade, em que as pessoas tenham o direito de pensar e de se expressar, sem medo de retaliações, porque o proselitismo religioso é prejudicial, impõe ideologias, massacrando minorias, empobrecendo a cultura, reprimindo questionamentos e exterminando ideias que nos fazem avançar a luz do conhecimento e novas descobertas.
A religião deve ser um complemento na vida dos jovens para seu fortalecimento “espiritual”, lembrando suas origens e culturas, não podendo, contudo querer impor seus preceitos morais e éticos de sua doutrina, usando o poder público para a propagação de atos racistas e homofóbicos que excluem cidadãos em pleno gozo de seus direitos constitucionais.
Observamos a criação de grupos que com o subterfúgio da fé atacam física e verbalmente pessoas de outras religiões, etnias, opções sexuais e partidárias, e o que parece ser notório é que esses grupos são formados em sua maioria por jovens mal informados, inflamados por uma leviana visão de estarem fazendo a “vontade de Deus”, sem ao menos com a coerência de saberem a causa que defendem. O excesso de informação que hoje os nossos jovens recebem é assustador e sem um “filtro” essa geração é levada por caminhos enganosos e recrutada de maneira vil por representantes de causas insanas e criminosas tendo como objetivo alçar poderes ingressando na política ou fortalecendo suas denominações em detrimento de outras, usando por vezes as minorias como alvo para ataques doentios com a desculpa de levarem o “rebanho” ao caminho da salvação, afastando-lhes das armadilhas do diabo. E no meio desse furacão de vaidades, ganância, tirania, preconceitos, ignorância, fé cega, a nova geração que deve levar nossa cidade, estado e país a um equilíbrio sadio para ascendermos a um patamar digno de vida, está sendo corrompida, dilacerada e mergulhada nas trevas da falta de sabedoria e instrução, nos conduzindo ao abismo da teocracia. Temos como dever, sendo representantes na esfera política, educacional e mídia informativa, orientar e informar nossos jovens para formar uma nação livre de pensamentos pré-definidos, não importando as opções de vida dos cidadãos. Que sejamos irmãos na acepção da palavra, além da pele e da religião. Não podemos permitir que nossos filhos esqueçam que além de nomenclaturas somos todos apenas e unicamente humanos.
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